Saturday, June 7, 2008

Turismo irresponsável prejudica hemisfério sul, diz especialista

A democratização das viagens nos países ricos vem causando estragos no hemisfério sul, denunciaram especialistas nesta terça-feira. Eles citam como conseqüência dessa distorção o aumento do trabalho infantil, a prostituição e o esgotamento dos recursos naturais.

Contudo, o turismo também pode ser uma ferramenta para melhorar as condições de vida das populações locais, assinalaram, lembrando que a luta contra essa situação também é uma "luta contra a pobreza".
"O trabalho ainda é imenso. Cerca de 1,3 bilhão de pessoas vivem abaixo da linha de pobreza, mas são os países do norte os principais beneficiários do desenvolvimento turístico no mundo", assinalou Frederic Leroy, promotor do encontro organizado pela Coalizão Internacional para um Turismo Responsável.
O turismo internacional gera mais de US$ 800 bilhões ao ano, mas menos de um terço desse lucro vai para os países visitados. O restante é abocanhado pelas companhias aéreas, operadores de viagem e redes de hotéis, segundo as estimativas das ONGs.


O turismo é, atualmente, uma das principais fontes de renda dos países em desenvolvimento. Muitos de seus habitantes se vêem tentados a abandonar atividades tradicionais como artesanato e agricultura para trabalhar nesse setor.


Mas isso se mostra um grande problema quando o setor turístico sofre um revés de um dia para o outro nesses países, como aconteceu na Mauritânia e no Quênia.

"Foi difícil para as pessoas voltarem para seus povoados e recomeçar a vida em suas tarefas agrícolas", assinalou Guillaume Cromer, um dos dirigentes da Coalition.

Outra conseqüência do turismo de massa é, por exemplo, que as áreas costeiras do Senegal e do Camboja estão tomadas por crianças, recrutados pelas redes locais para vender lembranças aos turistas, denunciou Leroy.

O debate do turismo responsável tem ainda mais importância no atual contexto de uma crise alimentar. Entre os países candidatos à abertura ao turismo, os organizadores citaram o Haiti, onde em abril houve uma série de incidentes provocados pela falta de alimentos.

A extrema pobreza gera também "a exploração do turismo sexual de Madagascar", onde as crianças se prostituem nos bares, destacou Frederic Sorge, membro da associação francesa AidéTous, que luta contra o turismo sexual infantil.

A Coalizão Internacional para o Turismo Responsável, fundada em 2007 por Leroy, reúne mais de 335 ONGs do setor turístico de 90 países.


Autor: France Presse – 04/06/2008


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