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Thursday, October 8, 2009

O que faz a diferença na hora de comprar?

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Por Sandrine Lage*
Adquirir para a frota municipal veículos com menor impacto ambiental, instalar lâmpadas LED em todos os semáforos de uma cidade, introduzir produtos de comércio justo nas cafeterias ou criar códigos de conduta ou de ética para fornecedores, são algumas iniciativas já levadas a cabo em Portugal pelo sector público, no contexto da adoção da prática de procurement sustentável.
Aparentemente, neste campo, leva vantagem ao setor privado.
Unir forças com os fornecedores para encontrar soluções mais ecológicas e socialmente responsáveis, permite às organizações, destacarem-se face à concorrência, além de criar valor.
Segundo a McCann, a criação de novos modelos que tragam vantagens nas vertentes econômica, ambiental e social definirá, num futuro próximo, quais as organizações de sucesso.
A sustentabilidade vende e é cada vez mais essencial à saúde das marcas.Eis as conclusões que o grupo mundial publicou, recentemente, em conjunto com o Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente).
Algumas iniciativas são já, inclusive, levadas a cabo, em Portugal, pelo sector público, no contexto da adoção da prática de procurement sustentável.
Trata-se, no fundo, de adquirir bens e serviços mais eficientes em termos de energia e recursos consumidos. Nalguns casos pioneiros, contudo, nem sempre é considerada a análise do ciclo de vida.
É o caso da escolha de híbridos, com maior impacto ambiental na extração da matéria prima, produção e consumo, quando comparada com outras opções no mercado.
Está efetivamente comprovado que há motores a gasóleo mais eficientes (e mais baratos), logo, menos prejudiciais ao ambiente do que os motores híbridos. Outro mito: o fato de adquirir produtos biológicos, por exemplo, nem sempre é sinônimo de menor impacto ambiental.
Caso a origem seja do outro lado do continente, é preferível recorrer a opções locais ou nacionais e privilegiar produtos da região.
Reserve-se a exceção, nalgumas situações, a produtos fair trade. Se houver opção de escolha, a primazia deve ser dada, sempre que possível, aos alimentos de época (fruta, legumes e, no caso do pescado, evitando os períodos de desova).Mas para quem procura, neste setor, sistematizar ações de compras menos prejudiciais ao ambiente, pode contar com o encaminhamento da estratégia de desenvolvimento LEAP (Local Authorities EMAS and Procurement).
Este projeto é co-financiado pela Comissão Européia e reúne 12 autarquias do Reino Unido, Suécia, Grécia, Espanha e Portugal.
Soluções à vista no setor privado, a implementação de procurement sustentável depende do compromisso assumido pela gestão de topo, uma vez que a legislação é omissa.
Contudo, as organizações – públicas e privadas – podem sempre recorrer à implementação de requisitos das normas NP EN ISO 14001: 2004 (sistema de gestão ambiental), OHSAS 18001: 2007 (sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho) e SA 8000: 2008 (para introdução de critérios ambientais, de segurança e saúde no trabalho e princípios de responsabilidade social nos seus processos de compra).
Sendo uma Associação de Municípios, a LIPOR certificou-se, em Dezembro de 2008, segundo o referencial internacional de Responsabilidade Social SA 8000. Adicionalmente, criou - também em 2008 -, o seu Código de Conduta para Fornecedores. Este visa estabelecer um compromisso entre ambas as partes, relativamente aos princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos, às Convenções da Organização Internacional do Trabalho e da Legislação Nacional e Comunitária em vigor, e deve ser aplicado às suas atividades comerciais.
Considerar os fornecedores como parte interessada e interveniente na estratégia de desenvolvimento sustentável e de melhoria contínua já é uma realidade para 83 por cento de 50 empresas portuguesas, dos setores público e privado (taxa de participação de 60%, com 73% das respostas com origem em empresas associadas do BCSD Portugal). 66,7 por cento dos inquiridos declaram praticar o procurement sustentável enquanto 6,7% confessam não o fazer.
O que é nacional é bomCerca de 60 por cento das inquiridas asseguram dar preferência a fornecedores nacionais.
O requisito é que reúnam as condições tecnológicas e comerciais equivalentes a alternativas internacionais. Ao fazê-lo, estão a promover o desenvolvimento econômico e social das comunidades onde se inserem (garantindo a procura a nível local e nacional, mantém-se o emprego), mas também ambiental (quanto maior o recurso a fornecedores locais, menor é o impacto ambiental, evitando emissões provenientes do transporte, entre outras).
No fim, ganha a economia global do País. Para tornar o procurement sustentável numa prática consolidada no seio empresarial português é essencial seguir o exemplo de 33 por cento dos inquiridos: respeitar o Código de Conduta Para Fornecedores, através da solicitação de evidências documentadas, da realização de auditorias e/ou da visita aos fornecedores. O que, aliás, potencia a procura por padrões de qualidade superiores, contribuindo para a criação de um contexto mais competitivo.
Minimizar o risco do negócio, criando espaço para investir em inovação e no desenvolvimento tecnológico, são os resultados apontados para um reconhecimento geral das vantagens inerentes à criação de parcerias com os fornecedores numa lógica win-win. Peso e medida - estabelecer e implementar objetivo e metas mensuráveis e consistentes com a política de procurement sustentável é um bom ponto de partida.
O recurso a um serviço de cattering biológico ou com base em produtos regionais; a compra de produtos de limpeza com rótulo ecológico ou a celebração de contratos com título “verde” ou de limpeza ecológica; ou a aquisição de equipamento elétrico de classe A ou com o selo Energy Star são alguns exemplos. Neste último caso, no fundo, além da eficiência energética e da qualidade, o mais sustentável dos equipamentos é aquele que assegure um ciclo de vida mais longo.
Alguns eletrodomésticos permitem que o programa seja submetido a um upgrade, evitando tornarem-se rapidamente obsoletos ou que se proceda à sua substituição por uma versão mais “atual”.
As opções não acabam aqui... Até a construção de um edifício pode ser energeticamente eficiente. Basta inspirar-se na arquitetura bioclimática, com maior foco na orientação solar, e / ou no recurso a materiais disponíveis na zona de construção e / ou com menor impacto ambiental. No caso da arquitetura bioclimática, nem sequer inflaciona o orçamento. Basta considerar como zonas “tampão” as casas-de-banho, garagens, escadas e corredores. Ou seja, que sejam orientadas a Norte, a fim de reduzir o impacte do frio.
É suficiente ter em conta alguns destes fatores, para que a factura da energia pese menos no orçamento, garantindo, simultaneamente uma maior eficiência energética e um maior conforto.
Todas estas inúmeras opções são uma forma eficaz de comunicar aos fornecedores (e ao mercado) qual a verdadeira política da organização. *
Sandrine Lage é jornalista portuguesa, Msc Design for Sustainability (Cranfield), escritora, comunicóloga e pesquisadora das melhores práticas editoriais e de gestão nas áreas de sustentabilidade na mídia com formação em gestão de RH e responsabilidade social empresarial, concluiu, em 2008, o Masters Programme Design for Sustainability, na Universidade de Cranfield, no Reino Unido, com a tese “Como melhorar a comunicação da sustentabilidade nos Media”, baseada nos case studies dos jornais Público (Portugal) e The Guardian (Britânico).
É fundadora da empresa Sperantia, que lançou o estudo das “Melhores Empresas para Trabalhar” na Europa, por meio da representação, em Portugal, do Great Place to Work Institute.

transcrito de texto de Sandrine Lage*


(Envolverde/Assessoria)08/10/09

Wednesday, October 1, 2008

Área de recifes de corais em Abrolhos é duas vezes maior do que se pensava

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Pesquisadores que estudam os recifes de corais do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, a mais antiga reserva natural dos mares brasileiros, acreditavam conhecer bem a área, até que em 2000 pescadores locais avisaram que havia recifes profundos fora dos mapas.
Foram ver e encontraram novas terras submarinas: a área de recifes conhecida em Abrolhos dobrou e vem permitindo conhecer como aquele trecho do litoral se formou ao longo dos últimos milênios. "Essa descoberta casual gerou um projeto ambicioso", conta o biólogo Rodrigo Moura, coordenador do programa Marine Management Area Science da Conservação Internacional (CI) do Brasil.
Formado por cinco ilhotas de origem vulcânica a 70 quilômetros da costa no sul da Bahia, o parque abriga mais do que as baleias-jubarte, que atraem turistas entre julho e novembro.
Ali estão os chapeirões, estruturas em forma de cogumelo cujos topos às vezes se unem e formam colunatas por onde circulam barracudas, garoupas, moréias e pequenos peixes coloridos. Das 16 espécies de coral de Abrolhos, metade é exclusiva do Brasil, como o coral-cérebro (Mussismilia braziliensis), principal construtor de recifes na região.
O banco dos Abrolhos, maior conjunto de recifes do Atlântico Sul, é maior que os 900 quilômetros quadrados preservados. No total são 40 mil quilômetros quadrados, área semelhante à do Espírito Santo, que só agora começa a ser investigada a fundo.
O grupo de Moura explorou o fundo do mar ao longo de 100 quilômetros da costa – entre a foz do rio Jequitinhonha, sul da Bahia, e a do rio Doce, norte do Espírito Santo –, em 19 linhas que partiam do litoral mar adentro, até a queda da plataforma continental, onde a profundidade aumenta subitamente. "Percorrer cada uma dessas linhas demorava dois dias", lembra o geólogo Alex Bastos, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que participou de algumas expedições no barco equipado com um sonar que produzia imagens tridimensionais do fundo do oceano.
O geólogo da Ufes se surpreendeu por encontrar, a profundidades de até 50 metros, paleocanais formados há cerca de 15 mil anos, quando o que hoje é coberto por mar era terra. "Esses canais indicam por onde os rios passavam naquela época", explica. Como estão preservados, sugerem que o nível do mar subiu rapidamente na região.
O grupo selecionou pontos de destaque nas imagens do sonar e retornou com um robô capaz de filmar locais a que um mergulhador teria dificuldade de descer.
As imagens do robô mostraram corais-negros, típicos de águas profundas, pela primeira vez registrados na região, e algas calcáreas, com um esqueleto de carbonato de cálcio que lembra seixo.
Em setembro os pesquisadores pretendem usar o robô para investigar outras áreas dos recifes e mergulhar a 90 metros, a fim de verificar se há corais por ali. Paulo Sumida, oceanógrafo da Universidade de São Paulo (USP) que coordena a análise dos dados biológicos, deve instalar nos recifes câmeras que automaticamente registram uma imagem por hora, a fim de estudar a dinâmica da vida marinha ali. Embora o levantamento ecológico esteja no início, Rodrigo Moura e o biólogo Ronaldo Francini-Filho, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), já constataram que os recifes profundos abrigam uma biomassa de peixes com valor comercial 30 vezes maior do que os rasos.
Em artigo a ser publicado na Aquatic Conservation: Marine and Freshwater Ecosystems, eles compararam a população de peixes de recifes profundos e rasos – alguns protegidos e outros com acesso livre para pescadores. Viram que áreas com restrição à pesca são mais ricas em peixes carnívoros de grande porte, como a garoupa, em geral os primeiros a desaparecer das áreas de pesca, que demoram até 40 anos para chegar à idade adulta.
Com o escasseamento dos grandes carnívoros , os pescadores passam a capturar os herbívoros, como os budiões. O problema é que, sem budiões, as algas cobrem os recifes e os corais morrem. Hoje menos de 1% da área de Abrolhos está protegida. E não há planos de preservação dos recifes profundos. Segundo Francini-Filho, seria preciso preservar 20% de cada zona para manter a biodiversidade. As reservas marinhas beneficiam todos.
Como os limites só valem para as pessoas, a população de peixes aumenta rapidamente e muitos migram até 1.200 metros fora das reservas, de acordo com publicado on-line na Fisheries Research. Mesmo em áreas protegidas, parte dos corais de Abrolhos se encontra ameaçada. Francini-Filho constatou que uma bactéria – provavelmente do gênero Vibrio, que chegou a Abrolhos em 2005 – está matando sobretudo o coral-cérebro.
Os pesquisadores estimam que, se nada for feito, em cem anos só restarão 40% dos corais dessa espécie em Abrolhos. É uma estimativa otimista. Se a temperatura da água subir 1° Celsius por causa do aquecimento global, bastarão de 50 a 70 anos para extinguir os corais de Abrolhos. Com mais calor as bactérias proliferam mais depressa e surgem outros problemas como o branqueamento, decorrente da morte de microalgas que vivem no interior dos corais.
Conter o aquecimento global requer ação de todos os países, mas é possível reduzir o nível de bactérias com a coleta e o tratamento do esgoto das cidades costeiras.

Fonte: Revista Pesquisa fapesp.




Wednesday, September 24, 2008

No Vermelho

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A partir de hoje a terra estará no vermelho: 'Exauridos os recursos do ano', alertam os cientistas

A partir de hoje viajaremos com as contas no vermelho e consumiremos mais recursos do que aqueles que a natureza fornece de modo renovável. Estamos comendo o capital biológico acumulado em mais de três bilhões de anos de evolução da vida: nem mesmo uma superintervenção como a do governo dos Estados Unidos para tapar os buracos dos bancos americanos bastaria para reequilibrar nossa relação com o planeta. Dia 23 de setembro é o Earth Overshoot Day [dia da ultrapassagem dos limites da Terra, ndt]: a hora da bancarrota ecológica.
A reportagem é de Antonio Cianciullo e publicada pelo jornal La Repubblica, 22-09-2008.
Dia 23 de setembro é o Earth Overshoot Day, que em 1955 se desencadeou quase dois meses mais tarde. As projeções das Nações Unidas: sem adoção de medidas, em 2050 encerraremos no dia primeiro de julho.
É o dia em que a renda anual à nossa disposição acaba e os seres humanos vivos continuam a sobreviver pedindo um empréstimo ao futuro, ou seja, retirando riqueza aos filhos e aos netos. A data foi calculada pelo Global Footprint Network, a associação que mensura a pegada ecológica, ou seja, o sinal que cada um de nós deixa sobre o planeta retirando aquilo de que necessita para viver e eliminando o que não lhe serve mais, os rejeitos.
O dia 23 de setembro não é uma data fixa. Por milênios o impacto da humanidade, em nível global, foi transcurável: era um número irrelevante no que se refere à ação produzida pelos eventos naturais que modelaram o planeta. Com o crescimento da população (o século vinte começou com 1,6 bilhões de seres humanos e concluiu com 6 bilhões de seres humanos) e com o crescimento do consumo (o energético aumentou 16 vezes durante o século passado) o quadro mudou em períodos que, do ponto de vista da história geológica, representam uma fração de segundo.
Em 1961 metade da Terra era suficiente para satisfazer as nossas necessidades. O primeiro ano em que a humanidade utilizou mais recursos do que os oferecidos pela biocapacidade do planeta foi 1986, mas, daquela vez o cartãozinho vermelho se ergueu no dia 31 de dezembro: o dano ainda era moderado. Em 1995 a fase do superconsumo já devorara mais de um mês de calendário: a partir de 21 de novembro a quantidade de madeira, fibras, animais e verduras devoradas ia além da capacidade dos ecossistemas de se regenerarem; a retirada começava a devorar o capital à disposição, num círculo vicioso que reduz os úteis à disposição e constringe a antecipar sempre mais o momento do débito.
Em 2005, o Earth Overshoot Day caiu no dia 2 de outubro. Neste ano já o adiantamos para o dia 23 de setembro: já consumimos quase 40 por cento a mais do que aquilo que a natureza pode oferecer sem se empobrecer. Segundo as projeções das Nações Unidas, o ano no qual – se não se tomarem providências – o vermelho vai disparar no dia primeiro de julho será 2050. Isto significa que na metade do século precisaremos de um segundo planeta à disposição. E, visto que é difícil levantar para aquela época a hipótese de uma transferência planetária, será preciso bloquear o superconsumo agindo numa dupla frente: tecnologias e estilos de vida.
O esforço inovador da indústria de ponta produziu um primeiro salto tecnológico relevante: no campo dos eletrodomésticos, da iluminação, da calefação das casas, da fabricação de algumas mercadorias o consumo se reduziu notavelmente. Mas, também os estilos de vida desempenham um papel relevante. Para nos convencermos disso basta confrontar o débito ecológico de países nos quais os níveis de bem-estar são semelhantes. Se o modelo dos Estados Unidos fosse estendido a todo o planeta, precisaríamos de 5,4 Terras. Com o estilo do Reino Unido se desce a 3,1 Terras. Com a Alemanha a 2,5. Com a Itália a 2,2.
“Temos um débito ecológico igual a menos do que a metade daquele dos States, mesmo para nossa adesão às raízes da produção tradicional e para a liderança no campo da agricultura biológica, a de menor impacto ambiental”, explica Roberto Brambilla, da rede Lilliput que, junto com a WWF, cuida da difusão dos cálculos do rastro ecológico. “Mas, também para nós a caminhada para o objetivo da sustentabilidade é longa: servem-nos menos obras prejudiciais como a Ponte sobre o Estreito e mais reflorestamento para reduzir a emissão de gás serra e os desmoronamentos”.